O profissional do direito que está chegando ao universo jurídico, provavelmente, não terá que aprender a passar fax para realizar protocolo no TJ, numerar todas as folhas de uma ação a ser distribuída na justiça do trabalho ou correr para fazer um protocolo em processo físico antes do fórum fechar.
Eu, por exemplo, iniciei meu estágio na área trabalhista há sete anos, lembro de numerar uma ação com mais de mil laudas, carimbo e caneta eram minhas ferramentas de trabalho. Certamente o estagiário da parte adversa teve que tirar foto daquelas folhas carimbadas, uma a uma.
O PJe estava no início de sua implementação, duas vezes por semana acessávamos todos os processos para ver se tinha alguma publicação, pois havia o temor de que a ciência fosse responsabilidade da parte. Bobagem! O sistema eletrônico estava ali para facilitar e não para onerar nossa rotina.
É verdade que muitos profissionais, que há muito militam na justiça brasileira, carregam até hoje dificuldades em manusear este e outros sistemas necessários ao exercício da profissão.
E de lá para cá as coisas só evoluíram, todas as distribuições agora são eletrônicas, o sistema passou a aceitar a inclusão de vídeos e áudios, os processos físicos foram digitalizados. É, a revolução digital demorou para chegar em território tão tradicional, como é o judiciário, mas veio para ficar.
A pandemia de Covid-19 mostrou que não precisamos estar presentes fisicamente para realizar nosso trabalho com qualidade, celebrar audiências et coetera, de forma que o espaço físico se mostra apenas um detalhe. Com uma boa internet, o smartphone se torna a sala de audiência.
As audiências por videoconferência já existiam para oitiva de parte ou testemunha que não residisse mais no país, para conseguir celebrá-la era necessário fazer esse pedido na inicial, demonstrar a impossibilidade de comparecimento e usar uma sala apropriada no fórum para tais sessões.
Mas a fórceps fomos obrigados a desburocratizar as audiências, ainda que exista resistência de muitos quanto a realização de audiência de instrução por este meio.
As audiências telepresenciais mostram que com apenas o celular podemos ouvir testemunhas de outros estados, em outros países ou em locais de difícil acesso, reduzindo o tempo desperdiçado com expedição de carta precatória e rogatória, empregando celeridade ao processo.
E com essas “descobertas” os escritórios estão se desfazendo do espaço físico e o mesmo vem acontecendo com os prédios alugados pelo poder judiciário. No lugar de um escritório todo trabalhado no mogno, o futuro demanda uma boa internet, um computador e sede por inovação.
As tecnologias ajudam até na elaboração das nossas petições, há sete anos eu tinha que começar sempre do “zero”, hoje basta abrir o Word, digitar o código e uma peça com cabeçalho e endereçamento surge na minha tela.
Há, ainda, sistemas que buscam teses e montam o “Frankenstein” apenas sendo necessário ajustes simples. Sim, a inteligência artificial é uma realidade e uma aliada para otimizar nossas atividades sem perder a qualidade.
Outros sistemas prometem layouts mais arrojados e que certamente tornam a petição mais atrativa para quem lê. Até o QRcode salta do cartão de visita para a peça e de lá para onde o seu imaginário puder te levar.
A imagem da peça, a forma como nos comunicamos com o juiz e com nossos clientes também demandam atenção, já que para não ser pulverizado neste mercado é necessário estar atento ao novo.
Nós, advogados, que sempre nos preocupamos em nos atualizar quanto a legislação, jurisprudência, doutrinas etc., temos que acompanhar a evolução tecnológica, dominar esse mundo da informação e nos moldar as necessidades atuais da sociedade.
Já somos 1.223.485 advogados no Brasil, dessa forma, para se manter nesse mundo conectado e muito concorrido, é necessário se atualizar, acompanhar a evolução e evoluir também.